Treze programas de Residência em Medicina Veterinária são acreditados pelo CFMV
07 de maio de 2020
Como conclusão do I Ciclo de Acreditação dos Programas de Residência e Aprimoramento em Medicina Veterinária, 13 programas de residência de três Instituições de Ensino Superior (IES) foram acreditados pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). Os resultados estão no Diário Oficial da União de hoje (6), estampados nas Resoluções CFMV nº 1323, nº 1324 e nº 1325.
Oito programas atingiram o índice de 85% de avaliação, na verificação in loco, e receberam o Selo Ouro, com validade de até cinco anos; os outros cinco, que alcançaram 75% dos pontos, foram acreditados com o Selo Prata, válido por dois anos.
Na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), campus Botucatu (SP), o programa de Enfermidades Infecciosas conquistou o Selo Prata, enquanto outros cinco obtiveram o Selo Ouro: Anestesiologia Veterinária; Clínica de Grandes Animais; Zoonoses e Saúde Pública; Fisiopatologia da Reprodução e Obstetrícia; e Radiologia Veterinária.
A Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP) recebeu Selo Ouro em três programas de residência (Clínica Médica de Pequenos Animais; Anatomia Patológica; e Clínica Médica e Cirúrgica de Grandes Animais/Equinos). Já o Selo Prata foi para o programa de Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais.
A Sociedade Educacional do Espírito Santo, da Universidade de Vila Velha (UVV), no Espírito Santo, ganhou três Selos Prata: Clinica Cirúrgica e Anestesiologia de Pequenos Animais; Clínica Médica de Pequenos Animais; e Patologia Animal.
Avaliações
Cada uma das IES foi visitada pela comissão avaliadora para análise de documentos, reuniões com gestores, preceptores, tutores e residentes, além de visita e análise dos cenários de prática relacionados aos programas.
“É o momento de parabenizar todos os envolvidos pela conquista de um trabalho que vem sendo feito há muito tempo. Primeiro, para vencer a etapa documental, que passou pela análise minuciosa dos projetos pedagógicos, conforme o nosso edital, até as visitas in loco para verificar o tripé infraestrutura, preceptoria e casuística dos programas, especialmente, o envolvimento dos residentes com o sistema básico de saúde, uma prerrogativa para o reconhecimento dos programas de residência pelo Ministério da Educação”, destaca Fábio Manhoso, presidente da Comissão Nacional de Residência em Medicina Veterinária (CNRMV/CFMV).
Para o médico-veterinário Marco Giannoccaro da Silva, membro da CNRMV, a acreditação destaca os programas de excelência, oferecendo aos egressos um norte na busca para complementar sua formação. “O primeiro ciclo é um marco histórico para a Medicina Veterinária e a sua continuidade está diretamente relacionada à qualidade da formação profissional e ao serviço prestado à comunidade”, afirma.
Sua colega de comissão avaliadora e de CNRMV, a professora Virgínia Lunardi explica que isso é possível porque o CFMV disponibiliza às IES uma proposta coerente e factível de qualificação para seus programas de residência ou aprimoramento. O primeiro ciclo, inclusive, proporcionou o refinamento de condutas, visando à padronização na metodologia de trabalho dos membros da comissão avaliadora.
“A acreditação contribui diretamente com a qualificação profissional do médico-veterinário residente ou aprimorando. E quem recebe os frutos é a sociedade, que terá profissionais capacitados atuando em seu benefício”, avalia Virgínia.
As visitas às IES, segundo Manhoso, demandaram trabalho árduo da comissão avaliadora, que teve a oportunidade de conhecer bons programas, com grande interação e participação efetiva do corpo docente no sistema de orientação. “Ficamos gratamente surpresos por perceber o olhar cuidadoso na busca contínua pelo aperfeiçoamento do ensino, tanto que vieram buscar, de forma voluntária, a chancela do CFMV nesse processo de acreditação”, observa.
A mesma percepção teve o professor Giannoccaro. “Foi incrível constatar a existência de IES tão bem estruturadas e equipadas, com corpo docente qualificado e, especialmente, ver o entusiasmo das pessoas envolvidas com a possibilidade da acreditação e com a troca de conhecimento para a melhoria dos programas”, diz.
Como professor, Manhoso parabeniza as instituições, os coordenadores dos programas, professores, residentes e mantenedoras “por fazerem parte desse passo importante para a Medicina Veterinária, pela confiança no trabalho do conselho federal e por se tornarem referência e exemplo para que outras instituições se credenciem nos próximos processos de acreditação”, comemora
Assim como o presidente da CNRMV, a professora Virgínia avalia que o sistema de acreditação tem muito a contribuir, desafiando e estimulando a qualificação dos programas ofertados aos médicos-veterinários. “A comissão espera que esse processo seja contínuo, de forma a fixar na comunidade acadêmica a cultura da busca constante pela qualificação dos programas de residência ou aprimoramento” afirma.
Acreditados
O Hospital Veterinário da FMVZ-USP foi criado em 1981 e, até o momento, é o maior da América Latina em número de casos de pequenos e grandes animais atendidos. Os programas que envolvem bolsistas nesse processo de treinamento em serviço existem há mais de 30 anos. Nesse período, 561 médicos-veterinários concluíram o programa de aprimoramento, aperfeiçoamento e residência.
“O processo de acreditação nos possibilitou rever, com olhos bastante críticos, aquilo que vínhamos fazendo com a vontade firme de transformar, corrigir e aperfeiçoar o nosso trabalho. Todo o processo representou um marco histórico importante no contínuo processo de credibilidade e valorização do profissional em treinamento durante o serviço”, afirma Simone de Carvalho Balian, coordenadora do programa de Residência em Medicina Veterinária da USP na época da avaliação. Ela compartilhou a caminhada pela acreditação com Carla Bargi Belli, atual coordenadora.
Para Simone, o processo permitiu identificar de forma clara e objetiva novas potencialidades para crescer e inovar. “Expor nossos serviços, reavaliá-los e aperfeiçoá-los de forma transparente, com o empenho de tantos profissionais, é uma preciosa oportunidade de avançar na busca pela excelência, num processo contínuo de qualificação diferenciada de nossos médicos-veterinários residentes”, avalia.
Odael Spadeto Júnior, coordenador da Comissão Multiprofissional Uniprofissional de Residência Médica Veterinária da UVV, conta que o curso existe desde 2003 e que a adesão ao processo de acreditação foi motivada pelo reconhecimento da sociedade e a valorização dos profissionais já formados e em formação na residência.
O professor assinala que o processo de acreditação identificou pontos fortes e fracos e orientou a equipe sobre melhorias na formação técnica e pessoal dos residentes. “Isso nos encoraja na luta por crescimento e aperfeiçoamento do curso. Os avaliadores são extremamente criteriosos, bem como os requisitos, e isso torna essa conquista ainda mais valiosa. Crescemos muito e vamos buscar ainda mais”, afirma.
É o que também avalia o coordenador do programa de residência da Faculdade de Medicina Veterinária da Unesp/Botucatu, Cassiano Victória. Para ele, participar do processo de acreditação do CFMV foi uma oportunidade de refletir sobre as qualidades e fragilidades, e ter a visão de um órgão externo sobre as áreas acreditadas até o presente momento.
“As avaliações externas são extremamente salutares, pois permitem identificar os pontos fortes para aprimorá-los e os pontos fracos para corrigi-los. Com isso, os programas podem evoluir e buscar a excelência que refletirá no reconhecimento do trabalho realizado pelos docentes e pela qualidade na formação dos residentes”, observa.
Lembrando o processo, a professora Simone recorda que o primeiro desafio é ter coragem de se deparar com o que pode ser modificado e melhorado. Mas assim como em outras instituições, o enfrentamento mais crítico está em lidar com a atual redução dos recursos humanos nas universidades. Outro desafio é estreitar e intensificar a troca de saberes e serviços no Sistema Único de Saúde (SUS), além de manter e ampliar as atividades conjuntas dos residentes com os serviços da Secretaria de Estado da Saúde, Instituto Pasteur e Instituto Adolfo Lutz.
“Temos de ampliar as relações do médico-veterinário residente com as ações do SUS. A pandemia em curso exigiu a participação do capital intelectual das universidades. Residentes da FMVZ-USP vêm desempenhando atividades no hospital universitário da USP, no papel de profissionais da saúde, em pleno treinamento em serviço”, relata a ex-coordenadora.
Em relação aos aprendizados, a professora reconhece que ainda há muito a desenvolver, mesmo tendo uma estrutura de excelente qualidade. “Sempre que paramos nossa rotina e mergulhamos para entender melhor o que fazemos, vamos nos deparar com a necessidade de readequação de algumas áreas, melhorando fluxos de trabalho, organização, relacionamento e procedimentos no dia a dia”, conta.
Ela afirma que todo o processo de autoconhecimento e avaliação ocorreu de forma harmoniosa com a equipe que realizou as visitas técnicas e foi produtiva para o corpo de docentes, preceptores, orientadores, coordenadores de área e residentes. “Tivemos grande avanço no sentido de interagir tecnicamente, com a oportunidade de expor aquilo que fazemos bem, realizamos com potencialidade e podemos fazer melhor. Também, com muita consciência, expusemos fragilidades e aceitamos sugestões, oferecidas pela comissão avaliadora com muita gentileza para a nossa melhoria, como a remodelagem da casuística e, futuramente, a ampliação da estrutura de alguns setores”, explana.
Para quem pretende participar do ciclo de acreditação do CFMV, a coordenadora dos programas de residência da FMVZ-USP recomenda a experiência como uma oportunidade de romper paradigmas. “Precisamos abrir portas para que possamos, com as sugestões e críticas, avançar em credibilidade, transparência e excelência em nossos processos, relacionamentos e serviços prestados. A obtenção do selo também representa um fator de estímulo à continuidade, ratifica a valorização, o reconhecimento e a credibilidade de nossos bolsistas no mercado de trabalho. Esteja aberto à novidade, seja resiliente, esteja disposto e proativo à inovação, à criatividade, a corrigir falhas, a aprimorar aquilo que é bom para que se torne excelente”, conclui.
Assessoria de Comunicação do CFMV
Fonte: http://portal.cfmv.gov.br/noticia/index/id/6499/secao/6