Covid-19 adia projeto de clínica veterinária para famílias de baixa renda
Voluntários do IMPA buscam por doações para adequar os últimos detalhes do empreendimento de Porto Alegre
Por Brenda Fernández
A Clínica Veterinária Instituto Majúna de Proteção Ambiental (IMPA) que estavas prestes a abrir as portas em maio, no bairro Cavalhada, em Porto Alegre, teve que adiar a inauguração. Devido à pandemia de coronavírus, o grupo de voluntários que está à frente do empreendimento se viu obrigado a paralisar as obras por tempo indeterminado. Assim, a promessa de atender animais de famílias de baixa renda fica em suspenso até que o governo estadual dê novas orientações.
Faltavam apenas alguns ajustes e o local iniciaria os atendimentos até a primeira semana de maio. A clínica terá capacidade inicial de atendimentos diários de 60 consultas e 20 castrações. A clínica veterinária que foi batizada com o nome de IMPA (Instituto Majúna de Proteção Animal) é a reunião concreta de todos os sonhos de Raquel Majúna, tornando-se também a consolidação de seu legado frente à causa da dignidade animal.
“Estava tudo certo, as doações estavam vindo bastante e estávamos trabalhando. Continuamos trabalhando até que passou uma viatura da guarda municipal anunciando no megafone para ficar em casa. A gente estava fazendo uma limpeza no lado de fora, com as portas abertas”, contou a protetora sobre os últimos reparos antes da inauguração. “No outro dia, veio o decreto dizendo que as obras tinham que parar. Então, paramos”, completou Majúna que agora, além da falta de perspectiva para iniciar os atendimentos, vê aumentar a lista de pendências para adequar o espaço.
O local onde funcionará a clínica das 9h às 18h – podendo se estender até 21h, caso o grupo consiga um segundo alvará do Corpo de Bombeiros – terá dois consultórios e duas salas de cirurgias. Hoje, o grupo busca por doações de materiais de escritório para adequar a recepção, serviço de informatização da clínica, computadores, materiais de construção e quantias em dinheiro para remunerar pedreiros e para o investimento do mobiliário que falta no espaço. Segundo a Raquel, já foram investidos em torno de R$ 30 mil reais na casa alugada, sendo todo o dinheiro arrecadado em doações.
Crédito da foto: Bernardo Bercht
A equipe, que conta com voluntários e profissionais remunerados da veterinária, tem como principal objetivo sanar a demanda por castrações em animais domésticos de famílias carentes da Capital. O procedimento cirúrgico que Raquel Majúna define como um “ato de responsabilidade” hoje custa em média até R$240 por meios privados, podendo variar dependendo do porte do animal. Esse mesmo serviço, acrescido da recuperação e dos medicamentos, será oferecido pela IMPA por R$60, podendo o valor ser ainda mais baixo no futuro.
O objetivo vai de encontro ao elaborado pela Secretaria Especial de Direitos Animais (Seda), que já em 2019 realizou a castração gratuita de 3.856 animais de estimação da Capital. A proposta da Seda, no entanto, beneficia apenas tutores inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais, como Bolsa Família ou o Número de Identidade Social (NIS).
Apesar de confiar que encontraria profissionais da saúde animal que iriam apoiar seu projeto, a protetora ficou surpreendida quando anunciou a procura nas redes sociais e recebeu 15 currículos de veterinários de diferentes áreas de uma só vez. A grande procura fez com que Raquel Majúna buscasse o Conselho Regional de Veterinária (CRV) para pedir algumas orientações. A reunião com a entidade trouxe todo o apoio técnico que seu empreendimento precisava, incluindo o mapeamento sobre quais serviços eram mais demandados na cidade.
O encontro também deixou mais nítido para ela um outro paralelo: o grande número de profissionais recém formados da saúde animal que não conseguia se encaixar na clínica, se não fosse por meio de empreender o próprio negócio. “Não dá pra trabalhar de graça, mas dá pra trabalhar por um baixíssimo custo”. Assim, além dos cuidados gerais e das castrações, a clínica veterinária IMPA oferecerá consultas nas especialidades de oncologia, neurologia, dermatologia e oftalmologia.
Para fazer qualquer doação dos itens solicitados acima há três meios: buscar por “Raquel Majúna Protetora Animal” nas redes sociais, pelo WhatsApp (51) 99772-5406 e pela conta bancária do Bradesco 237, agência 2468, conta 33391.