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BLOG – Voce sabe orientar os tutores sobre como reduzir o estresse dos seus pacientes felinos durante viagens aéreas?

30 de julho de 2023

Sabemos que as viagens aéreas causam muito stress nos nossos pacientes felinos, pois o deslocamento de seu território retira totalmente o seu controle, a sua autonomia e sua noção de previsibilidade. Os agentes estressores ainda podem causar um comportamento auto protetor e ter efeitos fisiológicos significativos a longo prazo.

Os agentes estressores durante a viagem podem ser:

  • Manuseio bruto
  • Aromas e cheiros desconhecidos
  • Deslocamento do território
  • Pessoas desconhecidas
  • Separação do grupo social
  • Variações extremas de temperatura
  • Ambiente imprevisível
  • Mudança de rotina
  • Contato visual com outros animais
  • Dor e desconforto
  • Luzes fortes
  • Ruídos no confinamento

Portanto é muito importante o veterinário saber utilizar uma abordagem multimodal para reduzir o estresse dos gatos em viagens aéreas.

Sempre que for indagado por um cliente a respeito das viagens aéreas peça para avaliar o gato antesa, além de orientar ao tutor pesquisar com antecedência toas as exigências da companhia aérea e do país que vai viajar.  Orientar sempre a escolha de um voo direto, com menos escalas possíveis, mesmo que seja um pouco mais longo e orienta-los a procurarem companhias aéreas com certificação da IPATA  International Pet and Animal Transportation Association, Animal Transportation Association)

Antes da viagem, o gato deve ser aclimatado em casa com a caixa de transporte, que deve ter janelas e portas que ofereçam ventilação nos 4 lados e que permita sempre que o gato fique de pé e sente-se ereto, vire-se em pé e deite-se em uma posição normal.

Em um paper publicado em 2023, intitulado – Feline stress management during air travel: a multimodal approach,  as autoras indicam que os gatos não costumam sujar suas caixas de transporte, mas uma almofada absorvente deve ser colada no piso da caixa de transporte e que a colocação de caixas de areai podem causar restrições de espaço, derramamento de conteúdo e potencial aversão.

A entrada de sons, odores e visão deve ser minimizada no aeroporto e durante a viagem. 

A suspensão de alimentos 2 a 3 horas antes da viagem é tradicionalmente recomendada, mas pode não ser necessária. Maropitant pode ser considerado como uma boa droga antiemética nesses casos e a agua deve ser fornecida normalmente.

Deve-se considerar em alguns casos o uso de medicação ansiolítica, mas é sempre importante considerar a dose ideal algumas semanas antes da viagem, começando com uma dose baixa e aumentando até o efeito desejado (ou seja, o animal deve ficar calmo, de forma confortável, mas alerta e responsivo).

O proprietário deve fornecer vídeos do gato 90 a 120 minutos após a administração do ansiolítico para permitir que o veterinário avalie o efeito.

A pregabalina, gabapentina, trazodona e benzodiazepínicos já foram descritos para esse fim, mas os autores desta revisão relatam sucesso com gabapentina, e não recomendam o uso da trazodona devido ao aumento de seus efeitos sedativos e usam benzodiazepínicos com pouca frequência devido ao risco de efeitos adversos.

Opções adicionais para controle da ansiedade incluem feromônios sintéticos (Ex: Felliway) e suplementos (por exemplo, alfa-casozepina, L-teanina, triptofano).

Deve-se orientar quando for utilizar sprays de feromônios que pulverize-o uma vez em cada canto da caixa – 15 minutos antes de colocar o gato dentro para permitir que o cheiro de álcool desapareça.

Importante saber que o uso de tranquilizantes e sedativos (por exemplo, acepromazina) para viagens aéreas podem causar efeitos adversos deletérios incluindo a morte, portanto devem ser evitados, mas os medicamentos ansiolíticos mais recentes (por exemplo, gabapentina) que aliviam os comportamentos de estresse devem ser considerados.

Consideração especial deve ser dada as raças de gatos braquicefálicas como os persas. Essas raças geralmente requerem uma caixa de transporte maior, com mais ventilação, podendo haver embargos de viagens para determinados países, com certas companhias aéreas ou em determinados momentos do ano.

É sempre melhor que o gato viaje acompanhado de seu tutor na cabine, mas há vantagens e desvantagens nas duas modalidades. Conversar com o tutor para saber quais as opções de viagem que mais se adapte ao seu paciente.

Fonte:

Jahn K, DePorter T. Gerenciamento de estresse felino durante viagens aéreas: uma abordagem multimodal. J Feline Med Surg. 2023;25(1):1098612X221145521. doi:10.1177/1098612X221145521

 

 

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