BLOG – Todos os anti-inflamatórios e analgésicos são seguros para as fêmeas prenhas e lactantes?
Sabemos que muitas drogas e seus metabólitos podem atravessar a barreira materno-fetal e atingir concentrações potencialmente perigosas no feto e também no leite de fêmeas lactantes. Faz-se necessário, portanto, a pergunta. Afinal, Anti-inflamatórios e analgésicos em fêmeas prenhas e lactantes é seguro?
Para responder a essa pergunta, também necessitamos sempre pensar nos riscos e no custo-benefício de se empregar alguns fármacos no tratamento da dor crônica ou aguda em fêmeas peri-parturientes e lactantes.
A importância de drogas com alta lipossolubilidade para fêmeas lactantes
Quando pensamos na excreção pelo leite, temos que saber sobre as características de um medicamento que facilita sua secreção no leite, ou seja, drogas que possuam alta lipossolubilidade, baixo peso molecular e estado não ionizado, tem a excreção facilitada e estima-se que um neonato possa receber de 1% a 2% da dose que sua mãe tenha recebido pelo leite.
Apesar de ser uma baixa concentração, ainda assim temos que ter em mente que os neonatos e/ou filhotes terão acesso a uma parte da droga ao mamarem.
Opioides durante a gravidez e pós-parto de cadelas
Quando falamos do uso de analgésicos nos períodos perinatais e pós-parto, geralmente pensamos em opioides, pois possuem baixo risco de efeitos teratogênicos e outros efeitos adversos fetais, não trazendo grandes preocupações. Mas isso em administrações a curto prazo ou administrações pré-anestésicas, como no caso das cesárias.
Possíveis efeitos em neonatos
Sabemos que a maioria dos recém-nascidos não apresenta efeitos adversos com esse uso, mas podem nascer um pouco mais deprimidos, por isso há a recomendação de se instilar Naloxona sob a língua do recém-nascido mais deprimido e repetir esta dose em 30 minutos, se a depressão persistir. Mais informações sobre essa estratégia, você pode ler no BLOG – ressuscitação de cães e gatos recém-nascidos
Indicação de opioides
Quando pensamos no uso de opioides durante a gestação, a própria WSAVA (World Small Animal Veterinarian Association) já publicou recomendações, sugerindo o uso da hidromorfina e morfina em vez de meperidina, butorfanol ou nalbufina, que são mais lipossolúveis e, portanto, podem atingir concentrações mais altas no feto.
Para animais lactantes que precisam de opióides de uso contínuo, indica-se se possível for, programar a mamada para acontecer um pouco antes da próxima dose, e os opióides com meia-vida longa devem ser evitados, como tramadol, morfina, fentanil e buprenorfina
AINEs em cadelas e gatas grávidas e lactantes
Já os anti-inflamatórios não-esteroidais (AINES), sabemos que são potencialmente teratogênicos e que podem afetar de forma prejudicial o desenvolvimento do feto.
Os AINEs inibem a produção de ciclooxigenase (COX), com subsequente redução na síntese de prostaglandinas, que normalmente mantém a patência ductal e regula a vasculatura pulmonar.
Efeitos adversos associados a esta administração incluem hipertensão pulmonar no feto e também uma possível nefrotoxicidade. Embora os estudos demostrarem que uma única injeção não pareça causar efeitos adversos, devemos usar com AINES sempre com moderação em fêmeas prenhas.
Recomendações importantes:
Devemos avaliar com cuidado a dor nas fêmeas gestantes, peri-parturientes e lactantes e nunca as deixar com desconforto e sofrimento. A dor, seja ela qual grau for, deve ser sempre controlada!
Mas devemos pensar numa estratégia cuidadosa para controlar essa dor e selecionar a droga mais segura, neste caso opióides de curta duração, além de considerar a melhor dose e a melhor frequência.
Embora os AINEs possam parecer seguros em certas situações no paciente humano, seu uso em cães e gatos deve ser extremamente cauteloso, visto que ainda faltam estudos definitivos sobre os riscos nestes pacientes.
Para mais informações sobre as doses e indicações de uso de fármacos, consulte o Bulário Vetsapiens – https://vetsapiens.com/bularios