BLOG – Testes sorológicos para Erliquiose – quando, como e por quê?
Hoje temos importantes ferramentas para a detecção de cães soropositivos para Erliquiose – Ehrlichia spp, e necessitamos saber quando e como devemos empregá-las.
É fundamental conhecer a fisiopatogenia da doença e ter em mente que um resultado positivo pode suscitar várias condições. Devemos entender que testes de triagem são extremamente importantes, mas que a soropositividade comprova apenas a exposição, não necessariamente uma infecção ativa ou um status de portador.
Um cão pode permanecer soropositivo mesmo após tratamento prévio, ou após a infecção ter desaparecido.
Testar somente cães sintomáticos para Erliquiose?
Diante dessas particularidades, uma dúvida comum surge para muitos veterinários: Devemos testar somente cães sintomáticos?
Na verdade, não. O ideal seria testar com frequência cães expostos aos vetores transmissores. Cães soropositivos sintomáticos ou não, servem como sentinelas importantes e ajudam a educar os tutores sobre questões de saúde pública, sobre as doenças transmitidas por carrapatos e mostram se os esforços que estão sendo empreendidos para a prevenção contra carrapatos estão sendo adequados.
A real prevalência destas infecções em uma determinada região ajuda não só a academia, mas também ajudam a prevenir o sub-diagnóstico ou o sobre- diagnóstico. A análise concomitante de parâmetros laboratoriais, como por exemplo, proteinúria e citopenias em cães subclínicos soropositivos, ajuda na confirmação do diagnóstico, permitindo assim uma intervenção precoce, salvando vidas.
Importante lembrar que, os sinais clínicos causados pelas infecções riquetsiais variam, e que muitos animais podem se tornar portadores crônicos sem manifestar nenhum sinal de doença clínica.
Os testes sorológicos para detecção rápida e qualitativa de anticorpos contra a Ehrlichia canis, como o CONCLUE ERLIQUIOSE, servem como o principal ponto de partida, no diagnóstico da erliquiose.
E os testes subsidiários como hemograma, perfis renais e hepáticos entre outros, podem revelar alterações como citopenias (Ex: trombocitopenia, possível anemia e/ou leucopenia), corpos de inclusão citoplasmática basofílica (mórulas) em leucócitos ou plaquetas (através de citologia do líquido sinovial ou sangue periférico ou esfregaços de camada leucocitária), proteinúria renal com cultura de urina negativa, hipoalbuminemia, hiperglobulinemia com gamopatia policlonal ou monoclonal, hipercolesterolemia e possivelmente enzimas hepáticas elevadas.
Tratar ou não tratar cães soropositivos?
Para cães soropositivos com sintomas, com doença sugestiva de Erliquiose, recomenda-se o tratamento com Doxiciclina na dose de 5 mg/kg a cada 12 horas ou 10 mg/kg a cada 24 horas por 28 dias; e sabemos que cães com doença aguda ou leve a moderada geralmente respondem dentro de 1 ou 2 dias após o início do antibiótico.
Testes quantitativos (PCR real time) e a contagem de plaquetas podem ser usados para avaliar a resposta à terapia e estabelecer linhas de base para comparações futuras após o tratamento, e são particularmente úteis se os sinais clínicos reaparecerem ou piorarem.
Já os testes sorológicos quantitativos não devem ser usados como ferramenta de monitoramento
após o tratamento, porque os valores dos anticorpos IgG flutuam aleatoriamente e podem permanecer altos por meses ou anos. Portanto, do ponto de vista clínico, testes quantitativos como PCR real time são mais utilizados para declarar que o animal esta curado.
E em cães soropositivos assintomáticos, devemos entrar com a Doxiciclina?
Depende! Se o animal não tem sinais clínicos, nenhum sintoma aparente, mas apresentam alterações clínico-patológicas nos exames subsidiários, como citopenias (anemia, leucopenia, trombocitopenia), proteinúria, hipoalbuminemia ou hiperglobulinemia, estes devem ser avaliados mais de perto para descartar outras causas, e se não for evidenciado outras causas, devem ser tratados para infecção por ricketsia, especialmente se tiverem histórico de contato com carrapatos.
E quando possível devem ser realizados testes adicionais para antígenos de dirofilariose e anticorpos contra B. burgdorferi, Babesia spp, Bartonella spp, Leptospira spp, Hepatozoon spp, Brucella spp ou Leishmania spp devem ser realizados quando possível.
Enfim, na dúvida, sempre que possível inclua em seus testes de triagem, testes sorológicos para Erliquiose, como o CONCLUE, pois cães podem ser assintomáticos, mas podem ser portadores ou estarem em um período de janela, já apresentando alterações importantes nos exames, sem sinais clínicos aparentes. E quanto antes conseguirmos detectar a doença e tratá-la, maiores serão as chances de sucesso.