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BLOG – Tecnologias Emergentes na Prática Veterinária: O Que Você Precisa Saber

11 de janeiro de 2024

Atualmente uma serie de tecnologias vêm revolucionando a medicina veterinária no mundo e algumas dessas tecnologias já estão em uso no Brasil.

Destacamos a seguir algumas que estão evoluindo e atingindo diversas realidades, em uma velocidade assombrosa.

Inteligência artificial – Big data e Machine learning.

A análise de “big data” chegou à medicina humana e veterinária para nos ajudar a compreender os riscos à saúde e minimizar o impacto dos problemas adversos à saúde animal.

A medicina veterinária esta inundada de dados não estruturados, como textos, papers, imagens, dados de anamnese, resultados de exames, dados colhidos por sensores e dispositivos, tudo isso nos fornece dados de maneiras novas e interessantes, mas os dados têm pouca estrutura, não gerando um significado.

Com o avanço da IA na medicina, as informações e os dados estão sendo melhor organizados resultando em recomendações práticas. Na prática clínica, por exemplo, os veterinários podem utilizar sistemas de prontuários eletrônicos, para monitorizar não apenas pacientes individuais, mas também para descobrir tendências epidemiológicas locais e sazonais.

O uso de softwares de aprendizado e análise de dados (machine learning) – ajudam atualmente em emitir laudos radiográficos em tempo real, com base em milhões dados prévios. Esses softwares ajudam a diminuir o tempo de diagnostico em casos mais graves ou até mesmo funcionam como uma triagem importante na priorização de casos. Como o diagnóstico sai em média em 3 minutos, ajuda a otimizar o tempo em hospitais. Existe obviamente uma preocupação na substituição do olho humano e do trabalho dos radiologistas, mas ainda não substituem olhar mais acurado e análise criteriosa desses profissionais.

Atualmente existem empresas que estão usando IA no processamento da linguagem natural – ou seja, usam softwares que entendem e codificam textos de anotações médicas – codificando os sintomas e doenças específicas.

Esses softwares estão ajudando a formar bancos de dados clínicos, na comparação casos médicos e na identificação de casos suspeitos com potenciais riscos de doenças.

Um software chamado Deep-tagtm já analisou e codificou 112,558 anotações veterinárias de prontuários médicos.

Wearables – dispositivos médicos vestíveis 

O uso de “dispositivos médicos vestíveis” como sensores de frequência cardíaca, frequência respiratória, glicemia, rastreadores GPS, sensores de identificação por radiofrequência, sensores de movimento, acelerômetros, Bluetooth, cameras, antenas e transmissores está em plena ascensão na medicina humana e veterinária.

Estes dispositivos não são novos, mas agora, cada vez mais estamos coletando quantidades significativas de dados, e ao analisá-los, teremos cada vez mais impacto no avanço no controle e prevenção de determinadas doenças.

Hoje um simples rastreador de GPS não serve somente ara rastrear cães perdidos, mas evoluíram para incluir recursos de rastreamento de atividades, através de coleiras “inteligentes” que incorporam sensores para monitorar continuamente cães ou gatos quanto a temperatura corporal, frequência cardíaca, frequência respiratória, níveis de pH e níveis de atividade.

Um exemplo desses dispositivos é o chamado PetPace, uma coleira que possui um sensor biológico inteligente que monitora a temperatura do animal, seu pulso, sua respiração, a variabilidade da frequência cardíaca (VFC), o nível de atividade, a posição e as calorias queimadas. Esta coleira funciona em conjunto com um Serviço de Vigilância de Saúde 24 horas por dia, 7 dias por semana e um APP aplicação que permite acompanhar o seu animal de estimação a qualquer momento.

O Sistema de Monitoramento de Saúde da PetPace envia notificações e alertas sobre alterações nos sinais vitais do animal de estimação diretamente para o smartphone do tutor, alertando-o sobre mudanças de temperatura ou dificuldade em respirar. E ainda pode compartilhar e enviar alertas de dados ao veterinário ao primeiro sinal de problema, e também pode nos fornecer informações valiosas sobre o histórico dos sinais vitais para identificar e acompanhar melhor determinadas afecções.

Biomarcadores

Hoje uma área em plena ascensão são o uso de biomarcadores que permitem aos veterinários intervirem mais cedo para manejar doenças relevantes em cães e gatos.

Existem os Biomarcadores diagnósticos, onde é possível, numa fase anterior do ciclo de evolução de uma doença, identificar os sinais e já permitir uma intervenção que ajudara o paciente, começar a nos envolver em cuidados preventivos para que o início agudo da doença não seja tão traumático.

E existem os Biomarcadores preditivos, que podem ser usados para intervir ainda mais cedo, porque mostram a probabilidade do aparecimento de uma determinada doença, como por exemplo a doença renal crônica. Um exemplo desse Biomarcador é o RenalTech, desenvolvido pelo Waltham Petcare Science Institute, uma empresa da Mars Petcare localizada no Reino Unido. Os pesquisadores avaliaram 20 anos de dados de 150.000 gatos tratados nos Hospitais veterinário Banfield e analisaram 35 parâmetros possíveis, como idade, sexo, raça, sinais clínicos e parâmetros laboratoriais. No final, os investigadores identificaram 6 parâmetros laboratoriais que pareciam ser os mais importantes para identificar gatos com alto risco de desenvolvimento de doença renal crónica (DRC).

Esse sistema permite ajudar esses pacientes, pois quando o tutor leva o animal com sintomas de DRC, quando essa se torna perceptível, o felino já esta em apuro, pois provavelmente 40% e 70% de sua função renal já pode ter sido perdida.

A chave para se desenvolver novos biomarcadores preditivos é ter os dados armazenados, conectar-se a esses dados, integrá-los e organiza- los.

Os testes de DNA

Os testes de DNA são outra tecnologia revolucionária que teve um crescimento explosivo recentemente. Além da determinação racial do animal, esses testes podem revelar uma predisposição genética para certas doenças, como doença renal policística, cardiomiopatia dilatada em cães e cardiomiopatia hipertrófica em gatos, e o melhor, tudo isso através de uma única coleta de sangue.

Vários testes podem ser realizados pelo laboratório, incluindo perfis completos de atributos genéticos que testam múltiplas condições e características médicas e testes genéticos individuais para quando há uma preocupação sobre um problema médico específico e único. E dessa forma, o veterinário pode criar um plano de saúde personalizado do seu paciente. Doenças como luxação do cristalino, mielopatia degenerativa e doenças metabólicas se beneficiariam muito com diagnóstico e intervenção precoces.

Impressão 3D

Há grandes avanços nessa área, onde a impressão tridimensional (3D) para fazer órteses e próteses utilizadas que reconstrução cirúrgica vem ganhando campo.

As impressões 3D podem ter várias funções dentro da medicina veterinária, e na educação veterinária, a medida que podem imprimir peças anatômicas para estudo, modelos e simulações e até ajudam na preparação de casos clínicos,

Enfim, uma serie de novas tecnologias vem surgindo mês a mês para ajudar na prática clínica, algumas são bastante úteis, outras ainda estão em teste, outras parecem ser mais estratégias mercadológicas. Importante o veterinário estar antenado as novas tecnologias, ler as publicações científicas que as analisam, conversar com colegas que já utilizam e testar seus usos com critério e cuidado.

Não podemos nos estagnar, devemos participar de congressos, cursos, e programas educação continuada que apresentem essas novas tecnologias e sempre que possível devemos tentar incorporá-las no nosso dia a dia de prática clínica.

Por Rosangela Gebara

 

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