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BLOG – Complexo Granuloma Eosinofílico Felino, você sabe diagnosticar e tratar?

25 de março de 2023

Por MV MSc. Rita Carmona

O termo Complexo Granuloma Eosinofílico (CGE) refere-se a um grupo de padrões lesionais inflamatórios que acometem o tecido cutâneo dos gatos em diferentes áreas.

Existem diferentes formas, dependendo do local em que ocorrem e do padrão lesional e histológico, mas a resposta inflamatória em todas elas geralmente é bastante semelhante.

Estudos demonstram que o CGE segue um “padrão de reação”, que pode potencialmente ser desencadeado por quadros alérgicos, mas podem estar relacionados a doenças infecciosas da pele, como as bacterianas e fúngicas, à presença de ectoparasitas, como pulgas e ácaros do gênero Lynxacarus sp. e mesmo em quadros idiopáticos. O prurido pode estar presente em muitos dos casos, mas não em todos e podem ser exacerbados pela lambedura.

O Complexo Granuloma Eosinofílico pode ser representado por:

  1. Úlcera eosinofílica ou úlcera indolente

Quadro caracterizado por lesão(ões) ulcerada(s) bem definida(s) e edemaciadas com bordos elevados que geralmente acometem os lábios superiores, podendo ser de tamanhos variados. Na grande magnitude dos casos, não há dor.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto 1- Uma úlcera indolente no lábio superior e granuloma eosinofílico no palato de um felino.

  1. Placa eosinofílica

Essas lesões podem ocorrer em qualquer parte do corpo, mas são comumente vistas na região ventral do abdômen.

Costumam aparecer como áreas bem demarcadas com alopecia, edema e hiperemia cutânea. Geralmente as lesões são muito pruriginosas e a ulceração é bem comum.

Foto 2 – Placa eosinofílica extensa na região abdominal de um felino.

  1. Granuloma eosinofílico

Essas lesões podem ocorrer em qualquer parte do corpo, sendo os locais mais comuns; a mucosa oral (no lábio, na língua ou no palato), nos membros pélvicos e nos coxins plantares e ou palmares.

A aparência da lesão é variável, mas geralmente há uma área nodular ou linear elevada e espessa que pode ficar hiperêmica. Alopecia e ulceração são achados comuns, embora o prurido possa ser mais variável.

Quando acomete a face caudal de membros pélvicos, assume uma configuração linear, recebendo a denominação de granuloma eosinofílico linear.

Foto 3 – Granuloma em articulação tíbio-társica de um felino

Diagnóstico do Complexo Granuloma Eosinofílico

O diagnóstico geralmente envolve anamnese e um exame físico completo, com caracterização dos padrões lesionais dermatológicos envolvidos.

Deve-se descartar a presença de ectoparasitas e ainda a presença de possíveis infecções bacterianas e/ou fúngicas.

Como diagnóstico diferencial, devem ser incluídos: infecções fúngicas profundas, bacterianas ou até mesmo as virais, queimaduras, abscessos e neoplasias.

Para a confirmação do diagnóstico e para afastar outras causas, é necessário o exame citológico (por AAF) ou histopatológico (por biopsia cutânea) dos tecidos afetados.

Prováveis causas do CGE

Quando uma lesão CGE é diagnosticada, é importante procurar possíveis causas subjacentes, especialmente potenciais alergias – quadros de DAPP, alergia a picada de mosquito, alergia alimentar e a síndrome atópica cutânea felina.

Essas investigações podem incluir a resposta a tratamentos (diagnósticos terapêuticos) e até os testes alérgicos.

Diagnósticos terapêuticos com eliminação de ectoparasitas ou com dietas de exclusão, podem levar tempo (entre 6-8 semanas), mas são importantes e valem a pena para evitar o uso prolongado e desnecessário de tratamentos paliativos, como esteróides, que podem ter efeitos colaterais a médio e longo prazo.

Alguns casos de CGE podem estar associados à atopia (reação a alérgenos ambientais ou inalados), e estes podem ser mais difíceis de investigar e de controlar, necessitando, em muitos dos casos, o uso de medicamentos sistêmicos e/ou tópicos.

Tratamento das lesões

É muito comum haver infecção bacteriana secundária, portanto, na maioria dos casos, o uso antibióticos pode produzir uma melhora, embora não resolva a lesão por completo.

O tratamento depende da extensão das úlceras, e da causa subjacente da reação.  Se nenhuma causa subjacente for diagnosticada, ou se uma causa subjacente for identificada, mas não puder ser controlada, pode ser necessário o tratamento sintomático das lesões até o controle da causa.

Glicocorticóides são as indicações terapêuticas mais comuns para controlar o prurido e tratar as lesões.  Mas a duração e a dose de esteróides necessárias variam entre os pacientes.

O uso inicial da prednisolona, em doses que podem variar, é indicado, contudo quando em algumas vezes existe baixa resposta ao uso desse fármaco, podendo ser necessário a substituição por corticoides mais potentes como a dexametasona ou triancinolona, tomando-se cuidados com potenciais efeitos colaterais maiores desses fármacos.

Terapias adicionais ou alternativas também podem ser praticadas para ajudar a reduzir o uso e as doses dos esteroides, como:

  • Fármacos imunossupressoras (Ex: ciclosporina ou clorambucil)
  • Esteroides tópicos (Ex:spray de hidrocortisona)
  • Fototerapia

Quando parar o tratamento?

A evolução do quadro deve ser avaliada pelo médico veterinário quanto à remissão completa ou parcial do quadro sintomato-lesional e potenciais efeitos adversos dos fármacos utilizados para o tratamento.

Como já referido, é de extrema necessidade a investigação e controle, quando possível da causa de base.

Em muitos dos casos existe a necessidade de controle para o resto da vida, ponderando benefícios e possíveis efeitos adversos. 

Recomendações finais

O Complexo Granuloma Esosinofílico não é uma doença e sim um padrão lesional que é secundário a algumas condições como: doenças parasitárias, doenças bacterianas, doenças fúngicas, mas as alergopatias são as principais envolvidas. Ainda existem casos idiopáticos pois a exata fisiopatogenia do CGE ainda não está totalmente elucidada.

O diagnóstico baseia-se no reconhecimento do quadro lesional, da exclusão de outras enfermidades, mas a confirmação deve ser realizada através de exames citológicos e/ou histopatológicos

O tratamento é, geralmente, realizado com uso de fármacos imunossupressores por longos períodos e em alguns casos, para o resto da vida.

Para saber mais sobre Granuloma Eosinofílico Felino, acesse sua descrição na consulta rápida

 

 

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