Conheça as indicações da Gabapentina Veterinária - Vetsapiens

BLOG – As diversas indicações terapêuticas da Gabapentina para cães e gatos!

10 de janeiro de 2023
moça pegando gato de caixa de transporte para diagnóstico de gabapentina veterinária

Atualmente muito tem se falado sobre o uso de gabapentina como agente sedativo em cães e gatos, mas você sabe quais são as outras indicações de uso desta droga?

A gabapentina veterinária é uma droga que funciona como agonista do receptor do ácido gama-aminobutírico (GABA), que possui ação central e é utilizada como sedativo, anticonvulsivante e analgésico.

A gabapentina também se liga a subunidade alfa-2 delta dos canais de cálcio nos neurônios pré-sinápticos no SNC, bloqueando a entrada de cálcio e dessa forma diminuindo a liberação dos neurotransmissores excitatórios.

Em humanos ela é aprovada para uso como anticonvulsivante, como adjuvante no tratamento e controle da dor associada à neuralgia pós-herpética, fibromialgia, dor neuropática associada ao diabetes e lesões da medula espinhal.

O uso da gabapentina na medicina veterinária vem aumentando consideravelmente nos últimos anos, e um estudo americano indicou que 69% dos veterinários afirmaram prescrever gabapentina semanalmente, para dor aguda e crônica, e para outras indicações off-label (extra-bula).

Mas você sabe quais são as principais indicações da gabapentina na medicina veterinária de pequenos animais?

1- Ansiolítico para diminuir estresse antes de consultas e viagens

A administração prévia de gabapentina oral, em casa, pode reduzir a ansiedade e o medo de cães e gatos antes e durante a visita à clínica veterinária. Sendo mais utilizada para gatos, nas doses de 50 a 100 mg/por gato.

Lembrar que pode causar em gatos, ataxia, hipersalivação, êmese e inapetência por longas horas. Portanto, avaliar sempre o risco benefício em cada caso.

Outro uso desta droga está associado a outros fármacos, dentro do chamado Protocolo Chill (onde a gabapentina é associada a melatonina e a acepromazina), que são absorvidas via mucosa oral.

Dependente da dose, a sedação é um efeito adverso comum da administração de gabapentina em cães e gatos e, portanto, altas doses de gabapentina (ou seja, 20-25 mg/kg VO na noite anterior à consulta mais 20-25 mg/kg VO pelo menos 1-2 horas antes da consulta) são indicadas para cães medrosos e/ou agressivos.

Doses para sedação pré-viagens ou pré- consultas:

Cães/gatos: 20 a 25 mg/kg VO na noite anterior à viagem ou consulta mais 20 a 25 mg/kg VO pelo menos 1 a 2 horas antes da viagem ou consulta

Em gatos utiliza-se normalmente a dose de 100mg/gato adulto.

2 – Controle da dor neuropática

A dor neuropática ocorre por desequilíbrios na modulação das mensagens de dor ao SNC e podem ser controladas com o uso de gabapentina.

Ela inibe os canais de cálcio pré-sinápticos, diminuindo assim a liberação de neurotransmissores excitatórios e receptores de ácido alfa-amino-3-hidroxi-5-metil-4-isoxazol propiônico.

A dor neuropática é um estado de dor complexo, e muitas classes de medicamentos são frequentemente necessárias para reduzir os impulsos aferentes nociceptivos indutores.

Sendo que a gabapentina pode ser incluída em um plano de tratamento multimodal em conjunto com outros medicamentos analgésicos (como por exemplo, AINEs, opióides etc.).

As doses de gabapentina nestes casos variam:

  • Cães: 10-20 mg/kg PO a cada 8 horas
  • Gatos: 5-10 mg/kg PO a cada 6 horas

Observação: a administração frequente e constante é importante pois mantém as concentrações plasmáticas mínimas requeridas para uma boa eficácia, já que a gabapentina é rapidamente absorvida e eliminada em cães e gatos.

3 – Adjuvante no controle da dor intensa e refratária

A transmissão da dor envolve a conversão de um estímulo nocivo em um sinal elétrico transmitido por fibras sensoriais periféricas, pelo ramo dorsal, até a medula espinhal.

Os sinais de dor podem ser amplificados ou suprimidos por neurotransmissores endógenos ou drogas analgésicas no ramo dorsal que progridem para o cérebro, onde o sinal é percebido conscientemente.

A amplificação dessa dor se não tratada no ramo dorsal pode levar a estados de dor crônica incapacitante.

A gabapentina pode ser adicionada a um regime analgésico para controlar os estados de dor intensa, quando os analgésicos de primeira escolha forem insuficientes.

A inibição dos canais de cálcio pré-sinápticos pode ajudar a reduzir a sinalização excitatória da dor, melhorando assim a analgesia.

A gabapentina também pode atuar sinergicamente em combinação com outros analgésicos, reduzindo as doses necessárias e minimizando os efeitos adversos (por exemplo, disforia, sedação).

Estados de dor intensa que podem exigir analgésicos adjuvantes como gabapentina, incluem politrauma, fraturas patológicas, trombose e inflamação extensa (por exemplo, peritonite, fasciite).

As doses variam de acordo com o quadro e o paciente, mas são semelhantes às doses para dor neuropática.

4 – Adjuvante no controle da dor na osteoartrite

Como sabemos a osteoartrite pode causar dor crônica nas articulações, resultando em diminuição da mobilidade e fraqueza muscular.

No entanto, também pode haver um componente neuropático, desde que essa condição ative também os nociceptores periféricos que inervam a cápsula sinovial, os ligamentos periarticulares, o periósteo e o osso subcondral.

A ativação repetitiva desses nociceptores resulta em sensibilização periférica e ativação das vias de dor, causando uma excitação anormal no sistema nervoso periférico e SNC.

O tratamento da osteoartrite pode ser complexo e as recomendações incluem uso crônico de AINEs, tratamentos não farmacológicos, como exercícios, controle de peso e fisioterapia.

E muitas vezes a gabapentina entra como um analgésico adjuvante, melhorando os resultados a longo prazo no controle da dor.

5 – Adjuvante no controle da dor oncológica

A dor oncológica pode variar em gravidade, dependendo da localização e do tipo de tumor.

Os pacientes podem sentir a dor relacionada a inflamação causada pela necrose tumoral ou a dor causada pela compressão direta da massa tumoral nos nervos ou músculos.

O envolvimento metastático em osso também é uma causa frequente de dor em pacientes oncológicos e pode estar associada à dor neuropática.

Uma abordagem multimodal usando várias classes de drogas analgésicas e anti-inflamatórias sempre é mais eficaz que a terapia única.

Terapias que diminuem a atividade do tumor, que reduzem a inflamação ou que visam o controle da dor neuropática podem ajudar no controle do quadro doloroso, e nessa terapia multimodal que entra a gabapentina, associada a AINEs e opióides, melhorando a eficácia destas drogas.

As doses utilizadas para controle da dor em casos de osteoartrite e dor oncológica variam e são semelhantes às doses para dor neuropática.

Efeitos adversos

Importante mencionar que a gabapentina pode causar efeitos como sedação e ainda pode ocorrer ataxia, fraqueza dos membros posteriores, nistagmo, inapetência, fadiga, ganho de peso, êmese e sialorréia.

Assim, é sempre importante avaliar os benefícios da utilização desta droga, frente aos possíveis efeitos indesejáveis, analisando caso a caso.

NÃO prescrever GABAPENTINA

  • Como agente único para dor pós-operatória aguda, pois a gabapentina modula os sinais de dor periférica, mas não trata a inflamação. E apesar de reduzir, não interrompe a sinalização de dor no SNC.
  • Quando há comprometimento renal – pois a gabapentina tem metabolização renal e, portanto, devemos ter cautela em pacientes com insuficiência renal, havendo riscos de efeitos adversos como sedação e hipotensão serem potencializados nestes pacientes.

Lembrando que a administração regular de gabapentina veterinária é necessária para manter as concentrações plasmáticas adequadas em cães e gatos e a administração em intervalos menos frequentes do que os indicados pelos estudos farmacocinéticos podem resultar em falhas na eficácia.

Quando administrada em doses maiores pode causar sedação e fraqueza da extremidade pélvica, podendo causar ataxia em alguns pacientes.

Para saber mais informações sobre essa e outras drogas, acesse a Vetsapiens.

 

Quer saber mais, acesse:

https://vetsapiens.com/artigos/chill-protocol-to-manage-aggressive-fearful-dogs

https://vetsapiens.com/artigos/utilizacao-de-gabapentina-para-manejo-clinico-de-dor-neuropatica-em-caes-relato-de-caso

 

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