O que interrompeu a epidemia na China? Duas equipes mostram que não há resposta fácil
Novas evidências mostram o valor do fechamento de escolas, proibições de viagens e outras medidas dolorosas para conter a epidemia de coronavírus na China.
Marco Ajelli, da Fundação Bruno Kessler, em Trento, Itália, Hongjie Yu, da Universidade Fudan, em Xangai, e seus colegas descobriram que, depois que as autoridades determinaram um bloqueio rigoroso, as pessoas em Xangai e Wuhan reduziram seus encontros com outras pessoas de 15 a 20 por dia para aproximadamente 2 por dia (J. Zhang et al. Science http://doi.org/ggthtr; 2020). Esse distanciamento social drástico foi suficiente para controlar a epidemia nas duas cidades.
O trabalho de modelagem da equipe sugere que, em Xangai, o fechamento das escolas por si só não teria parado a epidemia – mas diminuiu o número de novas infecções por dia no pico da epidemia, o que aliviou o estresse nos hospitais.
Outro estudo, realizado por Shengjie Lai, da Universidade de Southampton, no Reino Unido, e seus colegas, mostra que a detecção rápida de infecções e o isolamento de pessoas infectadas foram as etapas mais eficazes para conter casos de COVID-19 na China (S. Lai et al. Nature http://doi.org/dtr4; 2020). Mas, mesmo com esses esforços, o número de casos teria aumentado se as autoridades não tivessem restringido as viagens e as interações sociais também.
Se as ações de controle de epidemias tivessem atrasado apenas três semanas, o número de pessoas infectadas na China poderia ter sido 18 vezes maior, descobriram os autores.
Fonte: https://www.nature.com/articles/d41586-020-00502-w